Desembargadores de MS mostram criatividade ao validar golpe milionário em compra de fazenda — porque justiça boa é aquela que surpreende.
2 MAI 2025 • POR Eduardo Miranda • 05h00
Olha que maravilha: o celular do ilustre desembargador Sideni Pimentel, que a Polícia Federal resolveu dar uma olhadinha durante a Operação Última Ratio, trouxe um enredo digno de série de streaming — com atuação especial dos também desembargadores Alexandre Bastos e Vladimir Abreu. Os três, agora gentilmente afastados pelo STF (porque merecem férias, claro), deram aquele toque mágico para manter com um casal acusado de estelionato uma fazenda de quase 6 mil hectares em Corumbá. Tudo dentro da mais pura "legalidade" — se você vive em um universo paralelo.
A história é simples: o casal Lydio e Neiva Rodrigues, que segundo o MPMS aplicou um golpe clássico, trocou uma fazenda limpinha em Mato Grosso do Sul por quatro propriedades em São Paulo que, surpresa!, estavam todas penhoradas, embargadas e com multas. Ah, e ainda usaram documentos "criativos" para esconder os detalhes.
Ricardo Cavassa, o vendedor enganado, até ganhou na primeira instância. Mas quem precisa de primeira instância quando se tem um trio de desembargadores empenhados em promover reviravoltas judiciais emocionantes? Alexandre Bastos, que ia manter a decisão contra o golpe, mudou de ideia no meio do caminho — afinal, coerência é superestimada. Sideni Pimentel já estava tão animado para "divergir" que pediu ao assessor uma minuta nova antes mesmo do voto oficial. Profissionalismo é isso: estar um passo à frente.
Nas mensagens obtidas pela PF, Pimentel praticamente roteiriza a mudança: “Eu quero contrariar, eu quero divergir dele... eu acho que não é caso de rescisão”. Nada como um desembargador com opinião forte — e timing perfeito.
E não para por aí. A propriedade, já "abençoada" judicialmente, foi rapidamente revendida para a empresa Sevilla Investimentos. Detalhe interessante: o contrato previa pagamento só se o recurso no TJMS fosse provido. E, veja só, foi! Quem diria?
Enquanto isso, Cavassa, que sonhava só em trocar sua fazenda por algo sem pendências, acabou entrando para o clube dos que aprendem da pior forma que no Mato Grosso do Sul a justiça pode ter seu próprio jeitinho. Em sua denúncia, ele ainda pergunta, com candura: “Quem de boa-fé compraria uma propriedade com tantos gravames?”. Ah, Ricardo... ingênuo você, né?
A PF, sempre a estraga-prazeres, entregou ao ministro Zanin um relatório apontando que sete desembargadores, incluindo aposentados, estavam envolvidos nesse animado esquema de "venda de sentenças". Corrupção? Imagine! Eles chamam de "interpretação judicial criativa".
A defesa de Pimentel, claro, soltou a nota padrão: tudo dentro da lei, sem um centavo fora do lugar e com um "extenso parecer técnico contábil" para provar que dinheiro não aceita desaforo.
Enquanto isso, a população assiste, entre gargalhadas e indignação, à mais nova temporada da série: Justiça Brasileira — Onde Até Sentença Vira Produto.