Se você achava que a criatividade da Prefeitura de Rio Brilhante tinha limites, prepare-se para o próximo episódio: o famoso “faz, desfaz, refaz”. Depois de torrar quase R$ 300 mil para retirar o adicional de insalubridade dos servidores da saúde e dos motoristas de ambulância — um verdadeiro presente de grego para quem já enfrenta condições insalubres no trabalho —, agora a prefeitura gasta mais R$ 118.500,00 para contratar a mesma empresa (o SESI) para... adivinha? Refazer os mesmos laudos!
A contratação, feita por dispensa de licitação, consta no Diário Oficial e tem até dotação própria no Fundo Municipal de Saúde. É dinheiro público indo e vindo, mas benefício mesmo, só para quem presta o serviço — e para a administração que tenta “consertar” o próprio vexame.
Agora, surgem as perguntas que não querem calar, e o cidadão já começa a desconfiar:
É legal ficar “fazendo e refazendo” laudos, gastando dinheiro público para tentar corrigir o próprio erro, só porque a popularidade do prefeito despencou?
Isso é mesmo “erro” ou é a tal da velha “manobra” para remendar o estrago em algumas categorias do serviço público?
O Ministério Público vai continuar assistindo de camarote ou, dessa vez, alguém vai investigar de verdade?
Porque, cá entre nós, não parece mais questão de “erro administrativo”, mas de um possível desvio de finalidade do recurso público. A administração age para beneficiar (ou tentar acalmar) determinadas categorias depois de um desgaste político gigantesco, jogando dinheiro público para “consertar” o próprio ato. Isso é legal ou caracteriza prevaricação (quando o agente público deixa de agir como deveria) ou até mesmo improbidade administrativa (ato lesivo ao patrimônio público)?
Para os servidores que ficaram no prejuízo, fica a esperança de que a história não termine em mais uma pizza. Para o cidadão, sobra o papel de bancar — de novo — a conta dos erros e acertos do poder público. E para o Ministério Público, fica o desafio: será que agora sai investigação, ou a “novela do laudo” vai ganhar mais uma temporada no ar?
Enquanto isso, a população observa — e paga a conta.